Como dito no último post, nesse vamos ver o resultado do evento do dia 30 em meu pinheiro negro. Com a ajuda do mestre Luciano Benyakob e do amigo Rodrigo Dias, fizemos o transplante e o tracionamento dos ramos da planta melhorando o desenho do seu estilo clássico.
Como já era de se esperar, e como eu já havia dito no
último post dessa árvore, seu substrato estava péssimo, retendo água, sem condições de promover capilaridade das raízes e com poucas micorrizas
(fungo altamente benéfico às plantas, em especial ao PN, localizado nas raízes facilitando a assimilação dos nutrientes + água, e que é conseguido através do acúmulo de agulhas velhas retiradas na pinçagem dos pinus em locais escuros como sacolas, potinhos para misturar ao substrato e conseguir a proliferação desse fungo.) Dessa forma, utilizamos uma mistura própria para a espécie que o amigo Jair disponibilizou e acrescentamos um pouco mais de caco cerâmico para promover maior drenagem, já que o pinheiro não gosta de solos encharcados como estava antes. Apenas com a mudança de solo, algumas horas depois a planta parecia já ter assumido outro verde, um verde mais vivo e brilhante. No sítio eu disse aos amigos que tinha dado sorte com a planta, que mesmo após uma queda, quebra do vaso, perturbação do torrão e das raízes e pouco sol, a planta ainda sim insistia em brotar vigorosamente mesmo no inverno. Realmente com ela tive sorte!!
Para não dar mole ao azar, resolvemos que o melhor para ela, após o transplante, seria tracionar os galhos ao invés de aramar. Por que? O PN é uma espécie bem temperamental, qualquer excesso pode matá-la. Alguns podem argumentar que a aramação é uma atividade que não interfere tanto na fisiologia da planta, porém as dobragens que realizamos alteram o fluxo da seiva devido à torção que fazemos no galho interferindo diretamente no floema e xilema nas subcamadas da madeira, e isso no pinheiro, devido à sua sensibilidade, é tão decisivo que colabora para o backbudding, pois fere a planta e a força emitir novos brotos. Eis o porquê, no momento a planta deve se preocupar apenas em emitir novas raízes e crescer livre para restabelecer suas forças, se preocupar com raízes mais recuperação da ferida das dobragens e futura brotação, estressaria a planta demais, com risco fatal.
Agora vamos às fotos!!!
Vocês podem estar se indagando agora sobre aquele galho morto que propositalmente deixei como jin. O fato é que da queda, do pouco sol e do substrato ruim, alguma marca tinha que ficar, e esse galho seco é essa marca, sua história de vida, assim como acontece na natureza, e embora esteja sem muita expressão, ele preenche um lugar que ficaria vazio se fosse retirado, até mesmo se eu o encurtasse, o espaço virtual seria muito vazio, então aliado à história de vida dessa planta e ao apelo estético resolvi deixá-lo, pois, em minha opinião é o melhor a fazer. Estou começando o trabalho com líquido jin e estou pensando em alguma forma para engrossar esse jin para melhorar sua harmonia com o restante.
Detalhe para o vaso do amigo Sami Khozan que além de ser um cara alto astral, fabrica essas peças maravilhosas, que além de estéticas promovem o bem estar da planta, pois conforme ele me disse, os vasos colaboram na proliferação das micorrizas, já confirmados por outros bonsaístas.
Detalhe também para o nebari do meu queridinho, raízes lindas, sinuosas e que agora aparecem para lhe conferir mais idade.
Segunda vez que eu esqueço de conferir a frente do vaso em um exemplar redondo, a primeira foi com uma caliandra que em breve estará qui em um vaso Isumi... Mas no próximo transplante a gente corrige isso assim como uma escolha mais acertada para o caráter feminino da planta, com um vaso redondo de bordas menos proeminentes e masculinas, por um mais suave e harmônico com o estilo alto e feminino da planta.
Vista lateral direita
Vista lateral esquerda
Vista de trás
Momento de trabalho
Justamente na hora em que eu fui comer... Pááhh! Tiram a foto...rsrsrsrs
E aqui, alguns meses atrás, em um vaso com fundo adaptado, um verde fosco, as agulhas secas do galho morto, as agulhas longas pela falta de sol... enfim... um caos...
Mas o que tenho a dizer que a grande mudança foi em mim, tive novas visões e novas formas de visualizar a planta, assim como mexer, exercer o bonsaismo como filosofia de vida, de amor, companheirismo e cumplicidade, uma estilização em minha vida, obrigado a todos do Papa-Goiaba bonsai Clube!!
Como sempre, fiquem à vontade para comentar!!
Forte abraço,
Leonardo Couto