Origem...
O buxinho foi coletado, aliás, "achado" em um canteiro público na RJ 116 em péssimo estado, tanto a planta quanto o canteiro. Por causa de um acidente, o canteiro foi destruido e ficou apenas o torrão com a planta. Como bom amante da natureza que sou, não poderia deixar aquela planta secar até a morte, peguei pra mim!!!
Assim que a peguei, percebi que ela já estava daquele jeito a alguns dias, imediatamente comprei o primeiro vaso que coubesse o desmantelado torrão em um horto próximo, apenas para transportá-lo. Chegando em casa, preparei um substrato e um vaso de cimento para comportá-lo sem danificar nenhuma raiz. Não fiz nada além de comecar uma leve educação dos galhos, tracionando e afastando os dois principais.
Recuperada...
Por ser uma planta de beira de asfalto, seu tronco e folhas estavam recobertos por fuligem, era uma planta fraca e sem viço... Passado alguns meses começei a adubá-la, ela respondeu bem e começou a brotar substituindo as folhas fracas e deficientes por folhas viçosas e perfeitas, a fuligem foi sendo retirada com bastante borrifação e escovinha de dentes gradativamente... e a planta foi se recuperando...
Após adubação frequente, limpeza leve de alguns galhinhos desnecessários e leve condução de outros a planta hoje se apresenta assim:
Problemas...
Conforme visto nas fotos acima, a planta apresenta um caule muito alto e sem conicidade nehuma, seu tronco não tem expressão, o primeiro galho é extremamente forte, reto e sem conicidade, brigando com o resto da planta. O segundo galho cresce para frente, levemente voltado para a direita, apresentando também grande força e os mesmos problemas do 1º. O ápice é extremamente infantil e sem personalidade... Outra questão bastante relevante é o lentíssimo crescimento da espécie, que torna seu desenvolvimento algo bem a longo prazo. Tantos problemas me fizeram pensar em inúmeras possibilidades para a planta, vejamos abaixo:
Projeções para o futuro...
1) Um caminho a seguir é amadurecer o atual estado da planta, definindo bem os patamares verdes, eliminar o galho forte que cresce pra frente e deixar desenvolver um pequeno ramo que nasce logo atrás do galho a ser removido. Porém, até o ramo se desenvolver até substituir o espaço deixado pelo galho que cresce pra frente levaria muito, muito tempo... uma alternativa seria usar o galho forte que cresce pra frente, porém ficaria algo forçado e anti natural...
No mais seria modelagem e educação dos galhos, sem muita intervenção e bastante paciência...
O meu medo nesse esquema é o visual final da árvore se assemelhar demais a uma topiaria, estilo este onde o buxinho é muito usado, e fugir totalmente do estilo natural que se busca com o bonsai, além de ficar demasiadamente alto, e nada compacto.
2) Este é um estilo que me agrada bastante, no desenho não parece, mas vendo a planta e analisando cada detalhe, essa segunda projeção é muito atraente. Vários problemas estéticos seriam resolvidos, a árvore ficaria com um aspecto bem selvagem e natural, do jeito que eu gosto.
A parte mais alta da planta se transformaria em um grande ten-jin, o galho forte que cresce pra frente seria como um espelho, ainda vivo, do tronco que secou, seguindo exatamente o mesmo desenho, transparecendo bastante idade à planta que conseguiu substituir o topo da árvore por um novo. O galho forte que cresce para a esquerda ficaria responsável pelo movimento da árvore em seu estilo fukinagashi...A conicidade ainda seria um problema, porém suavizado pela dramaticidade no novo estilo. Seu ângulo de plantio seria levemente alterado para a esquerda, harmonizando melhor com o estilo.
3) Pensei bastante no que fazer com essa planta, inclusive cheguei até no estilo cascata... Parece algo meio absurto, mas também seria algo selvagem e inusitado, e sem parecer muito artificial.
Quanto ao plantio, tudo vai depender do estado das raízes, nessa projeção, pensei em um vaso orgânico, em formato de concha ou gota, ou talvez em um fundo quadrado e clássico
Vejamos o que o tempo me reserva!!
Mas a segunda projeção muito me agrada...
Desculpem os desenhos extremamente amadores, mas para meu estudo da planta foi bastante útil.
Realmente quando esboçamos a planta e as possibilidades, o aprendizado e entendimento é exponencializado...
Fiquem à vontade para comentar!!
Forte abraço,
Leonardo Couto